Sobre mauro pinheiro

Professor adjunto do Departamento de Desenho Industrial da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), coordenador do Laboratório de Psicologia da Computação (LabPC). Minhas pesquisas acadêmicas tratam dos seguintes assuntos: design de interação, usabilidade, interação homem-computador, ubiquidade computacional, computação pervasiva, design da experiência, design da informação, questões sociais do uso de sistemas computacionais.

QR Code nas calçadas do Rio

A Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos da Prefeitura do Rio de Janeiro instalou 2 QR codes no bairro do Arpoador, na Zona Sul da cidade. A curiosidade é que os QR codes foram inscritos nas tradicionais calçadas de pedras portuguesas.

Quem tiver um telefone celular com um programa para leitura de QR Codes poderá usar os signos gravados nas calçadas como porta de entrada para informações armazenadas na Internet.

O problema de usar o chão como ‘suporte’ é que ele está sujeito a modificações, seja pela falta de manutenção ou por mero uso.

Com menos de uma semana de uso, a combinação do vento forte com a areia da praia tornou temporariamente o QR Code ilegível:

“Terra e areia impedem leitura de QR Code em calçada do Rio”


QR Code na calçada do Arpoador, coberto de areia

Foto: Mauro Pimentel / Terra

O pior mesmo vai ser quando precisarem fazer alguma obra. No Rio são muitos os serviços que usam o subsolo. Luz, água, telefone, gás, TV a cabo…são redes e redes se cruzando sob a terra. Não é raro ser necessário fazer reparos, e as calçadas são esburacadas a vontade. Na hora de fechar o buraco e repor o piso, a falta de cuidado de nossa mão-de-obra sem qualquer formação é evidente, e as calçadas da cidade maravilhosa ocupam a segunda posição entre as piores de todo o país (veja matéria do Jornal Nacional). Basta ver como um dos ícones visuais da cidade, o calçadão de Copacabana, está completamente desfigurado em alguns trechos.

Vamos ver quanto tempo vai durar o QR Code.

‘Smart Highway’

Smart Highway are interactive and sustainable roads of today. Designer Daan Roosegaarde and Heijmans Infrastructure are developing new designs and technologies for this Route 66 of the future.

New designs include the ‘Glow-in-the-Dark Road’, ‘Dynamic Paint’, ‘Interactive Light’, ‘Induction Priority Lane’ and ‘Wind Light’. The goal is to make roads which are more sustainable and interactive by using light, energy and road signs that automatically adapt to the traffic situation.

Awarded with a Best Future Concept by the Dutch Design Awards 2012 the first meters Smart Highway will be realized mid 2013 in the Netherlands.

The collaboration between Roosegaarde and Heijmans is a true example of innovative industries. The design and interactivity from Studio Roosegaarde and the craftsmanship of Heijmans are fused into one common goal: innovation of the Dutch landscape.

Specifications:
2012-2015. Smart paints, energy harvesting, sensors and other media. Concept and Design at Studio Roosegaarde with the engineers from Heijmans.

Client:
Co-production with Heijmans N.V

Fonte: Studio Roosegaarde

MyMagic+ MagicBand (Disney e RFID)

Em 7 de janeiro de 2013, o Blog da DisneyParks deu uma pequena mostra do que pretendem fazer neste ano. Usando diferentes canais de acesso (aplicativo para celular e sua versão web, além de uma pulseira de identificação por radiofrequência), os visitantes podem de antemão planejar toda a sua estadia nos parques temáticos e agilizar os processos de identificação e compra de produtos dentro do parque. É possível agendar desde os passeios nos brinquedos até efetuar reservas para jantar. Isso garantirá, por exemplo, que um grupo fique junto durante toda sua estadia no parque, sem risco de alguém ficar de fora porque lotou algum brinquedo.

O projeto se chama MyMagic+. Um dos pontos polêmicos é justamente a pulseira de identificação que usa a tecnologia RFID — a MagicBand. Com ela os visitantes podem ser identificados em cada atração, realizar pagamentos, abrir a porta dos seus alojamentos (funcionando como uma chave eletrônica).

Linking the entire MyMagic+ experience together is an innovative piece of technology we developed called the MagicBand. Worn on the wrist, it will serve as a guest’s room key, theme park ticket, access to FastPass+ selections, PhotoPass card and optional payment account all rolled into one. We’ve began testing certain aspects of MyMagic+ in Florida last month and the early reactions we’ve gotten have been fantastic.

A polêmica em torno disso é antiga (apesar de alardeada como novidade pela mídia). Ao mesmo tempo que a tecnologia promove praticidade e fluidez na experiência do visitante, o sistema permite que todos os seus passos sejam monitorados — desde as atrações que foram usadas, o horário e número de vezes em cada brinquedo, até os produtos que consumiu no parque. A segurança também é um tema recorrente: você confiaria seu número de cartão de crédito a um sistema semelhante*?

Nada de novo nisso: até hoje há quem veja com desconfiança políticas de privacidade de empresas como Google, que podem monitorar muito mais coisas da vida dos usuários de seus produtos

É uma troca: praticidade e conforto X privacidade e segurança. Essa polêmica é velha, mas nem por isso deixa de ser importante.

Leia mais no blog da Disney: Taking the Disney Guest Experience to the Next Level.

* Convém frisar que o sistema da Disney não necessariamente armazena dados de cartão de crédito. Ele apenas permite fazer pagamentos dentro do parque. O usuário pode simplesmente ter “créditos” armazenados no sistema, que são debitados durante o uso.

Sistema Nacional de Identificação de Veículos: RFID no seu carro

Para quem não sabe, desde 2006 o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) instituiu o Sistema Nacional de Identificação e Veículos [SINIAV], visando identificar todos os veículos a serem licenciados no Brasil, usando a tecnologia RFID.

A proposta é “empreender a modernização e a adequação tecnológica dos equipamentos e procedimentos empregados nas atividades de prevenção, fiscalização e repressão ao furto e roubo de veículos e cargas”, bem como “dotar os órgãos executivos de trânsito de instrumentos modernos e interoperáveis para planejamento, fiscalização e gestão do trânsito e da frota de veículos”.

Em poucas palavras: monitorar os veículos, tanto no que se refere a segurança (evitar roubos e facilitar a localização de veículos roubados) quanto no que se refere ao controle do tráfego.

A resolução CONTRAN no 212, de 13 de novembro de 2006, apresenta em linhas gerais as normas e o calendário de implantação. Supostamente, a partir daquela data, em um prazo de 18 meses os veiculos licenciados já deveriam estar devidamente identificados, com prazo limite de 42 meses (no ano de 2010, portanto).

Não sei se esse calendário vingou. Em 2011 o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) publicou normas técnicas para garantir a interoperabilidade dos diferentes equipamentos de leitura RFID. Sim, porque quem aprova a lei desconhece a complicação técnica necessária pra fazer esse sistema funcionar. Existem diversos padrões de transponders e leitores RFID. Esses equipamentos precisam funcionar em condições adversas de clima — seja em Manaus, Maceió ou Santa Catarina. É um desafio técnico considerável, e acredito que desde a publicação da norma em 2006 muita gente já tenha se debruçado sobre a questão.

Toda a documentação técnica está disponível no site do Sistema Nacional de Identificação de Veículos [SINIAV]. A documentação serve principalmente para quem pretende fabricar e fornecer os equipamentos para o SINIAV — deve ser um bom negócio, considerando a quantidade de carros que se produz nesse país escravizado pelo automóvel.

Mesmo que ainda não esteja em funcionamento, uma coisa é certa: em breve seu carro estará em constante monitoramento. Mesmo que você não queira.

Big Brother is watching your car!

LIFX: Lâmpada inteligente

E se você tivesse uma lâmpada que duresse 25 anos, pudesse mudar de cor e intensidade luminosa por controle remoto (seu telefone celular), ou ainda fazer essas coisas todas de forma pré-programada? Vai viajar e tem medo que percebam a falta de movimentação na casa? Programe a rotina das lâmpadas! Elas acendem na hora que você quiser.

Essa é a proposta da LIFX, que os autores dizerm ser a reinvenção da lâmpada incandescente.

Parece coisa do futuro, mas é um futuro MUITO próximo. O projeto está em desenvolvimento, buscando apoio através do Kickstarter.

A iluminação é feita por LEDs RGB, que podem durar 25 anos. E o consumo de energia é muito inferior ao das lâmpadas incandescentes, e memso das lâmpadas frias econômicas.

A computação ubíqua está aí. Nos objetos mais corriqueiros. Até em uma lâmpada ordinária.

Disney Research: tato e realidade aumentada

Augmented reality to date has focused primarily on visual and auditory feedback, but less on the sense of touch (…) Sight and sound are important, but we believe the addition of touch can create a really unique and magical experience.
(Olivier Bau, a postdoc at Disney Research, Pittsburgh).

Veja mais sobre a pesquisa da Disney sobre tato e realdiade aumentada: Disney researchers add sense of touch to augmented reality applications