MyMagic+ MagicBand (Disney e RFID)

Em 7 de janeiro de 2013, o Blog da DisneyParks deu uma pequena mostra do que pretendem fazer neste ano. Usando diferentes canais de acesso (aplicativo para celular e sua versão web, além de uma pulseira de identificação por radiofrequência), os visitantes podem de antemão planejar toda a sua estadia nos parques temáticos e agilizar os processos de identificação e compra de produtos dentro do parque. É possível agendar desde os passeios nos brinquedos até efetuar reservas para jantar. Isso garantirá, por exemplo, que um grupo fique junto durante toda sua estadia no parque, sem risco de alguém ficar de fora porque lotou algum brinquedo.

O projeto se chama MyMagic+. Um dos pontos polêmicos é justamente a pulseira de identificação que usa a tecnologia RFID — a MagicBand. Com ela os visitantes podem ser identificados em cada atração, realizar pagamentos, abrir a porta dos seus alojamentos (funcionando como uma chave eletrônica).

Linking the entire MyMagic+ experience together is an innovative piece of technology we developed called the MagicBand. Worn on the wrist, it will serve as a guest’s room key, theme park ticket, access to FastPass+ selections, PhotoPass card and optional payment account all rolled into one. We’ve began testing certain aspects of MyMagic+ in Florida last month and the early reactions we’ve gotten have been fantastic.

A polêmica em torno disso é antiga (apesar de alardeada como novidade pela mídia). Ao mesmo tempo que a tecnologia promove praticidade e fluidez na experiência do visitante, o sistema permite que todos os seus passos sejam monitorados — desde as atrações que foram usadas, o horário e número de vezes em cada brinquedo, até os produtos que consumiu no parque. A segurança também é um tema recorrente: você confiaria seu número de cartão de crédito a um sistema semelhante*?

Nada de novo nisso: até hoje há quem veja com desconfiança políticas de privacidade de empresas como Google, que podem monitorar muito mais coisas da vida dos usuários de seus produtos

É uma troca: praticidade e conforto X privacidade e segurança. Essa polêmica é velha, mas nem por isso deixa de ser importante.

Leia mais no blog da Disney: Taking the Disney Guest Experience to the Next Level.

* Convém frisar que o sistema da Disney não necessariamente armazena dados de cartão de crédito. Ele apenas permite fazer pagamentos dentro do parque. O usuário pode simplesmente ter “créditos” armazenados no sistema, que são debitados durante o uso.

Sistema Nacional de Identificação de Veículos: RFID no seu carro

Para quem não sabe, desde 2006 o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) instituiu o Sistema Nacional de Identificação e Veículos [SINIAV], visando identificar todos os veículos a serem licenciados no Brasil, usando a tecnologia RFID.

A proposta é “empreender a modernização e a adequação tecnológica dos equipamentos e procedimentos empregados nas atividades de prevenção, fiscalização e repressão ao furto e roubo de veículos e cargas”, bem como “dotar os órgãos executivos de trânsito de instrumentos modernos e interoperáveis para planejamento, fiscalização e gestão do trânsito e da frota de veículos”.

Em poucas palavras: monitorar os veículos, tanto no que se refere a segurança (evitar roubos e facilitar a localização de veículos roubados) quanto no que se refere ao controle do tráfego.

A resolução CONTRAN no 212, de 13 de novembro de 2006, apresenta em linhas gerais as normas e o calendário de implantação. Supostamente, a partir daquela data, em um prazo de 18 meses os veiculos licenciados já deveriam estar devidamente identificados, com prazo limite de 42 meses (no ano de 2010, portanto).

Não sei se esse calendário vingou. Em 2011 o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) publicou normas técnicas para garantir a interoperabilidade dos diferentes equipamentos de leitura RFID. Sim, porque quem aprova a lei desconhece a complicação técnica necessária pra fazer esse sistema funcionar. Existem diversos padrões de transponders e leitores RFID. Esses equipamentos precisam funcionar em condições adversas de clima — seja em Manaus, Maceió ou Santa Catarina. É um desafio técnico considerável, e acredito que desde a publicação da norma em 2006 muita gente já tenha se debruçado sobre a questão.

Toda a documentação técnica está disponível no site do Sistema Nacional de Identificação de Veículos [SINIAV]. A documentação serve principalmente para quem pretende fabricar e fornecer os equipamentos para o SINIAV — deve ser um bom negócio, considerando a quantidade de carros que se produz nesse país escravizado pelo automóvel.

Mesmo que ainda não esteja em funcionamento, uma coisa é certa: em breve seu carro estará em constante monitoramento. Mesmo que você não queira.

Big Brother is watching your car!

Espelho “mágico” do NY Times

O The New York Times Co.’s R&D Lab apresenta um projeto interessante de um espelho que permite a exibição de informações na sua superfície. No vídeo há um exemplo de uso da tecnologia RFID. Um frasco de remédio é identificado e instruções sobre seu uso são exibidas no espelho.

Mas o espelho tem outras características interessantes, como reconhecimento de voz e de movimento. Leia mais sobre o projeto na matéria do Nieman Journalism Lab. Aliás, esse site publicou uma série de matérias sobre o laboratório de pesquisa e desenvolvimento do NY Times.

Controlando o computador com o leitor RFID

Na aula de hoje, apresentei alguns projetos feitos com a tecnologia de transmissão de dados RFID (Radio-Frequency IDentification)

Durante a aula, tentei mostrar algumas aplicações simples que desenvolvi com meu leitor Touchatag, mas a rede estava muito instável, e meu computador ficou tímido na hora H. Nessa confusão, a turma se dispersou e acho que poucos viram a coisa funcionando de fato.

De qualquer forma, há algum tempo fiz um vídeo mostrando os primeiros testes que desenvolvi, logo que adquiri o kit touchatag. Quem não pôde estar na aula vai pelo menos ter uma idéia do que dá pra fazer sem muita complicação, usando o touchatag e AppleScript (linguagem de programação bem simples, nativa dos computadores Apple, que permite controlar alguns dos seus programas).

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No vídeo eu uso o touchatag pra controlar o iTunes e o Adium (um Instant Messenger pra Mac). Na aula eu ainda mostrei como usar o touchatag pra fazer com que a webcam do Mac tirasse uma foto (usando o programa PhotoBooth, nativo do macbook). Outra etiqueta RFID foi programada pra realizar uma ligação via Skype para o telefone da minha esposa.

Essa plataforma é bem limitada. Pra usar o leitor no meu macbook foi preciso instalar um programa, responsável pela comunicação do leitor com a base de dados hospedada no site do touchatag. No site é que eu associo cada etiqueta RFID a uma função qualquer – e as funções disponíveis no site são bem limitadas. Uma maneira de minimizar essa limitação é criar programas próprios, e fazer com que as etiquetas simplesmente chamem esses programas. O site touchatag tem uma aplicação que serve pra abrir um site na internet. A base de dados associa uma etiqueta a um endereço na Internet. Mas é possível usar essa mesma aplicação para rodar um programa no computador – basta, ao invés de fornecer o endereço de um site, fornecer a localização do arquivo no computador. A inteligência nesse caso está no programa rodando localmente, no meu próprio computador, e não na aplicação disparada pelo site touchatag.

Essa gambiarra, obviamente, é super limitada. Mas é possível hackear o leitor e programar além das funções oferecidas pelo site, e o que é melhor, sem depender da Internet pra isso. Durante a aula, o Marquito conseguiu descobrir uma biblioteca pronta, que possibilitava a comunicação direta com o leitor touchatag, usando a linguagem de programação Processing. Ele chegou a fazer um programa pra ler os cartões RFID que ele tinha por ali, que não eram as etiquetas que vinham no pacote do touchatag. Cada cartão colocado sobre o leitor fazia com que um nome diferente aparecesse na tela do computador. Funcionou, sem qualquer mediação feita pelo site, tudo rodando localmente.

Esse brinquedinho é bem limitado, mas a idéia era apresentar o conceito, e partir pra elaboração de propostas, projetos que usem essa tecnologia. Existem diversos modelos de leitores, existem ‘shields’ RFID que podem ser usados junto com Arduino. Independente da solução técnica, me interessa mais discutir propostas de uso dessa tecnologia.

Pra quem tem mente criativa, o céu é o limite.